sábado, setembro 01, 2007









Marilyn Manson
Quarto Escuro

Sentado num quarto gelado com as luzes apagadas, t-shirt e calças de Manga pretas, maquiagem e óculos escuros – surpreendentemente acessível e sincero –, Marilyn Manson responde a perguntas sobre o fim do seu casamento enquanto saboreia um absinto.

O novo álbum Eat Me, Drink Me é bastante diferente de The Golden Age Of Grotesque.
Deixei de querer fazer música – olhando agora para trás vejo que não percebi que simplesmente tinha deixado de gostar de mim... Estava enfiado num casamento onde era esperado que eu mudasse. Não me apercebi disso até ser quase demasiado tarde… Por isso, fazer este disco foi uma espécie de redenção ou salvação – se este disco não existisse, eu não existia.


Quando percebeu que tinha virado a página?
Bastou uma canção. A primeira, pelo que me lembro, foi «Just A Car Crash Away» e esse primeiro take é o que está no disco – a primeira vez que a cantei. Foi um período muito difícil da minha vida mas a música fez-me ver que este é quem sou suposto ser. De certa forma estava a tentar escapar de mim próprio ao envolver-me em diferentes formas de arte, em vez de simplesmente as combinar. Não reparei que ao não querer fazer discos não queria ser eu próprio – por isso, neste disco podem ouvir-me a recuperar as forças.
Falou em mudança – quem é que estava à espera que mudasse?
Acho que a minha ex-mulher esperava que mudasse coisas em mim que sempre foram assim – o meu ciclo de sono, por exemplo. Desde que me lembro que me deito quando o Sol nasce e me levanto quando o Sol se põe – excepto hoje porque me fizeste trabalhar! Quando as pessoas começam a esperar que faças estas mudanças, por um lado estão a forçar-te a crescer, a ser responsável, a amadurecer.
BLITZ 13
Entrevista completa na BLITZ de Julho, já nas bancas. Não percebi que comecei a questionar o que sou... Só quando voltei a cantar uma canção é que vi que gosto disto – e foi como fazê-lo de novo pela primeira vez.



Com um título como Eat Me, Drink Me (inspirado no caso de canibalismo que aconteceu na Alemanha há alguns anos) e uma canção chamada «Mutilation Is The Most Sincere Form Of Flattery» – quanto disto é apenas uma forma de procurar controvérsia?
Acho que sou naturalmente ofensivo ou controverso no dia-a-dia – é o meu sentido de humor. «Mutilation is the most sincere form of flattery» é algo que disse no gozo. De repente vi que nunca ponho a minha personalidade desta forma na música – as pessoas só me conhecem realmente (seja isso mau, sarcástico, ou o que for) se falarem comigo. Foi isso que fiz neste disco.





Veronica Parker/Famous/Casa da Imagem(Tradução de Sandra Almeida)
Blitz, Quinta, 28 de Junho às 10:36


"Marilyn Manson diz que Diabo vive dentro dele e se compara a
Cristo"
O cantor Marilyn Manson, que se apresentará no Brasil em setembro, deu uma entrevista ao diretor Alejandro Jodorowski, reproduzida pelo jornal italiano La Repubblica, nesta segunda. Nela, ele fala de seu novo disco Eat me, Drink me (Coma-me, Beba-me) que, segundo ele, é uma "prova de amor" ao mundo. Durante a entrevista, comparou-se a Jesus Cristo e falou que o Diabo vive dentro dele.

Jodorowski, que dirigiu o filme A Montanha Sagrada, foi quem celebrou o casamento de Manson com a diva do burlesco Dita Von Teese. A separação dos dois foi o principal argumento na composição das músicas de Eat me, Drink me, cujo título faz alusão à eucaristia, rito católico em que os fiéis se alimentam do corpo e do sangue de Cristo.
Indagado por Jodorowski se o novo disco fazia essa referência, Manson concordou, dizendo que, até o momento, o diretor foi quem melhor compreendeu sua mensagem, que consiste em se oferecer como alimento para a humanidade. "É uma prova de amor ao mundo, pois ofereço-me em sacrifício", disse.
Tal argumento vem embasado no fato de seu novo disco exprimir sofrimento. "Estava perdendo um amor, da minha mulher, mas estava também reencontrando o amor com uma outra moça...", disse o cantor, que afirmou que sua ex-mulher havia se apaixonado pelo ícone Marilyn Manson, não pela pessoa.
"É isso mesmo: ela estava apaixonada por uma idéia a meu respeito, mas não por mim. Durante um ano eu não sabia o que era. Não conseguia criar, compor, nada. Era um vazio. Ela não. Trabalhava, seguia sua carreira. O começo não foi fácil."
DiaboAo ser indagado se já havia encontrado o Diabo, já que fala tanto dele em suas músicas, o cantor polemiza: "Ele está dentro de mim, talvez ele poderia ser meu irmão gêmeo. De qualquer modo, foi por isso que escrevi You, Me and the Devil Makes 3 (Você, eu e o Diabo Formamos Três). Naquela música, eu falava comigo mesmo."
Manson, sempre grotesco, falou na entrevista sobre seu desejo de ter duas bocas. "Creio que seria ótimo ter duas bocas. Não tenho tempo para comer e falar. Duas bocas seriam muito úteis. É preciso duas bocas para beijar melhor."
O cantor falou, ainda, de sua vida privada. "Fazendo este disco compreendi muitas coisas. Apenas uma parte muito pequena de meus amigos me conhecem efetivamente. Decidi que, nesse disco, no entanto, o Manson anônimo não estaria no centro."
Redação Terra





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